Boa tarde professor,
  No seguimento da conversa de sexta-feira (28/10/2016) vimos por este meio solicitar a sua colaboração na nossa investigação sobre os usos da bicicleta. Gostaríamos que nos apresenta se um pouco melhor o seu projeto de coordenação, núcleo de desporto escolar BTT.

 - Como/Porquê surgiu a ideia?

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JOÃO JORGE: a ideia surgiu em função do gosto pessoal relativamente ao BTT que existe desde que a modalidade apareceu em Portugal. Enquanto ainda frequentava a FMH, colaborei na organização da 1ª prova de BTT levada a cabo pelo clube Grandes Espaços em conjunto com a Associação de Estudantes, prova realizada na mata do Estádio Nacional (ano de 1990). Desde essa altura sempre pratiquei BTT de lazer, modalidade esta que gosto muito.

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- Tem mais alguém a ajuda-lo, profissional de BTT?

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JOÃO JORGE: Normalmente o clube de BTT no âmbito do Desporto Escolar é da responsabilidade de um único professor exceto se o número de praticantes justificasse o alargamento do clube o que não é o caso

 - O que é abordado e executado na aula?

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JOÃO JORGE: Normalmente apenas aproveito o tempo para pedalar com os alunos que participam e partilho algumas noções básicas relativas à abordagem do terreno ou a forma mais eficaz de gestão das mudanças em função do terreno. Falo também do equipamento e da relação deste com a ergonomia dos alunos de forma a facilitar o rendimento em andamento.

 - Onde são executados os percursos?

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JOÃO JORGE: Os percursos são fundamentalmente realizados dentro dos espaços da escola sede, Dona Inês de Castro. Porém, pelo facto de cultivar uma boa relação com o Diretor da Escola Profissional EPADRC que é contígua à Escola Secundária Dona Inês de Castro, e possui bastantes hectares de terreno com mata e percursos, aproveito para fazer uns circuitos mais interessantes. Porém, peca-se pela monotonia dos percursos por vários motivos. Pelo facto das saídas das escolas por parte dos alunos, mesmo acompanhados pelo professor, têm bastantes implicações em termos de responsabilidades e segurança. Para evitar situações de risco para os alunos, opto prioritariamente por realizar percursos dentro dos recintos das escolas que citei para garantir e salvaguardar a segurança dos alunos. A circulação na via pública acarreta maior risco e a ocorrência de um acidente implicaria responsabilidades para o professor e escola o que implica que a Direção assuma uma postura defensiva. Para se ter uma ideia, quando realizo uma saída da escola com alunos, para o passeio anual que acontece no 3º período, o processo de organização é de tal forma burocrático que por várias vezes senti vontade de não organizar mais o passeio. Autorizações da Câmara Municipal de Alcobaça, autorizações da GNR e PSP que acompanham os alunos no percurso porque se ocupa a via pública em partes do trajeto, Bombeiros Voluntários de Alcobaça por questões de assistência em caso de acidente; quando se opta por realizar o passeio em matas nacionais ou parques temos que ter autorização do Instituto da Conservação da Natureza; temos que ter seguros de responsabilidade civil e acidentes pessoais; Temos que solicitar a autorização da Associação de Ciclismo de Santarém; Autorizações dos Encarregados de Educação; O projeto tem que estar aprovado em Conselho Pedagógico… Como podem imaginar, a responsabilidade e o processo acarreta uma enorme burocracia que obriga a 3 meses de organização com envio de sucessivos ofícios a várias entidades. Estes processos criam muitos entraves à divulgação/promoção e sobretudo organização destas atividades e convívios com uma certa regularidade para cativar os jovens.

- Para finalizar agradecíamos a sua opinião relativamente aos usos de bicicleta na freguesia de Alcobaça.

 

JOÃO JORGE: Eu moro na Freguesia da Benedita e tanto quanto conheço, existem muitos praticantes regulares de lazer de BTT e de ciclismo de estrada. Existe um clube de BTT, Os Rodinhas e em Alcobaça também existe um clube de ciclismo. Porém, tanto em Alcobaça como na Freguesia da Benedita e noutras Freguesias, não existem ciclovias e não existe o hábito de se usar a bicicleta como veículo de transporte entre a casa e o trabalho ou mesmo como forma de deslocação de lazer de casa para o café ou trajetos como o supermercado, etc. Já pensei iniciar um processo de divulgação e promoção da bicicleta como forma alternativa de deslocamento porém o tempo não tem permitido evoluir para este projeto porque estou absorvido nas tarefas administrativas e burocráticas correntes da escola.

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